Sentada
solitária em uma cadeira de praia, bebericando um chá de limão e pensando em
como, mais uma vez, o ano pareceu passar rápido. Escuto fogos de artifício - ao
fundo - sendo ansiosamente lançados... Depois de longos meses sem pensar
sequer por um minuto em você, bate à porta a vontade incessante de querer
pensar, só um pouquinho, nas excentricidades do nosso amor mal concebido e mal
acabado.
Mesmo
tendo a certeza de que não te amo mais, o fato que me afeta é que você me
bagunçou tanto, mas tanto, que esses meses (contados a dedo imprecisamente) de
distância não foram suficientemente dedicados à organização da parte certa do meu
cérebro.
Enquanto
eu imaginava sua simples felicidade, pensava na minha complexa confusão. E
também na nossa falta de experiência e minha sensação de experimento. Uma hora
provei uma espécie de caos, por ora descontrolado e por outro, tão ridiculamente
calmo, que ainda causa estranhamento de mim por eu mesma.
(...)
Mas
acontece que nesse momento nem quero mais escrever tudo que pensei, pois foi só
lá, naquele breve instante, que me permiti voltar ao passado, antes de me
sentir uma idiota por estar fazendo-o.
Às
vezes, agradeço por todas as merdas que fizemos e todos os momentos que
passamos, mas tem vezes que me xingo tanto pelas consequências que surgiram:
multipliquei minha capacidade de gostar de muitos, sem saber bem como gostar e
querer muitos, sem saber bem como querer.
Assumo
que, em matéria sentimental, desde sempre me faltou voz em meio a tantos
pensamentos. E de sentimento, subentende-se o interesse e vontade que sempre
(sempre mesmo) tenho pelas pessoas. Sei bem disso porque, mesmo com você, buscava
criar barreiras inúteis e alguns vidros quase inquebráveis. Hoje, ainda,
quedo-me no erro de, ao gostar de alguém – mesmo que não muito – desejar demais
que esse alguém sinta o mesmo (mesmo que não muito) e daí, vejo-me falando idiotices
das quais me arrependo quase que imediatamente. Ou pior, vejo-me sendo estúpida
com outras pessoas. Pessoas essas das quais amo e quero bem.
Por
esses motivos, ainda tenho tempo de pensar em estar, também, aliviada por não
precisar mais falar com você - ainda que sinta falta de sua amizade - por que
os danos causados possuem um prazo indefinido de reparação. E já foi dolorosa
um dia, mas agora é apenas lenta, tranquila e até onde sinto, eficaz.
(...)
Nesse
dia que escrevo, depois de muito pensar na noite anterior, acendo um cigarro,
respiro fundo e desejo, com uma intensidade que não me recordo de ter tido
outrora, de que esse novo ano tenha um pouco menos do Mesmo e mais do Novo.
Nada mais de Você e o máximo de Outros, porque minhas energias já se renovaram
e aquele meu velho medo de amar deixou de ser o mesmo, desde a última vez que
te dei um abraço e disse “tchau... se cuida, ok?”.
*Escrito em 02/01/2013