8 de março de 2013

Feminismo Nosso


Não quero flores, 

quero direitos.

Não quero roupas ou maquiagem, 

quero que parem de dizer como devo me vestir,

ser ou estar.


Não suporto mais

seus comentários inconvenientes,

seu riso debochado,

seu "tom de brincadeira".


Sem mais

medo de ser estuprada ao andar na rua,

receio de dizer que amo,

raiva por seu descontrole consciente.


Exijo

um companheiro,

uma companheira.
Libertação.


Hoje,

luto “por direitos iguais

na medida de nossas desigualdades”.


Sempre, 

lutarei por algo sem nome,

sem raça,

sem classe,

pela livre escolha

e orientação.

1 de março de 2013

Cantar

Um dia eu canto
para as Ana(s) de minha vida.
As Ana(s) que me habitam
E as Ana(s) que me habitarão.

Um dia canto,

nessa imensidão de saudade 

com o coração. 

Canto

no dia de hoje

e também,

no de amanhã.



18 de janeiro de 2013

Renovei a alma, que precisava de calma. Então, somente a simplicidade: respiração, vento e o coração batendo.


Sentada solitária em uma cadeira de praia, bebericando um chá de limão e pensando em como, mais uma vez, o ano pareceu passar rápido. Escuto fogos de artifício - ao fundo - sendo ansiosamente lançados... Depois de longos meses sem pensar sequer por um minuto em você, bate à porta a vontade incessante de querer pensar, só um pouquinho, nas excentricidades do nosso amor mal concebido e mal acabado.

Mesmo tendo a certeza de que não te amo mais, o fato que me afeta é que você me bagunçou tanto, mas tanto, que esses meses (contados a dedo imprecisamente) de distância não foram suficientemente dedicados à organização da parte certa do meu cérebro.

Enquanto eu imaginava sua simples felicidade, pensava na minha complexa confusão. E também na nossa falta de experiência e minha sensação de experimento. Uma hora provei uma espécie de caos, por ora descontrolado e por outro, tão ridiculamente calmo, que ainda causa estranhamento de mim por eu mesma.

(...)

Mas acontece que nesse momento nem quero mais escrever tudo que pensei, pois foi só lá, naquele breve instante, que me permiti voltar ao passado, antes de me sentir uma idiota por estar fazendo-o.

Às vezes, agradeço por todas as merdas que fizemos e todos os momentos que passamos, mas tem vezes que me xingo tanto pelas consequências que surgiram: multipliquei minha capacidade de gostar de muitos, sem saber bem como gostar e querer muitos, sem saber bem como querer.

Assumo que, em matéria sentimental, desde sempre me faltou voz em meio a tantos pensamentos. E de sentimento, subentende-se o interesse e vontade que sempre (sempre mesmo) tenho pelas pessoas. Sei bem disso porque, mesmo com você, buscava criar barreiras inúteis e alguns vidros quase inquebráveis. Hoje, ainda, quedo-me no erro de, ao gostar de alguém – mesmo que não muito – desejar demais que esse alguém sinta o mesmo (mesmo que não muito) e daí, vejo-me falando idiotices das quais me arrependo quase que imediatamente. Ou pior, vejo-me sendo estúpida com outras pessoas. Pessoas essas das quais amo e quero bem.

Por esses motivos, ainda tenho tempo de pensar em estar, também, aliviada por não precisar mais falar com você - ainda que sinta falta de sua amizade - por que os danos causados possuem um prazo indefinido de reparação. E já foi dolorosa um dia, mas agora é apenas lenta, tranquila e até onde sinto, eficaz.

(...)

Nesse dia que escrevo, depois de muito pensar na noite anterior, acendo um cigarro, respiro fundo e desejo, com uma intensidade que não me recordo de ter tido outrora, de que esse novo ano tenha um pouco menos do Mesmo e mais do Novo. Nada mais de Você e o máximo de Outros, porque minhas energias já se renovaram e aquele meu velho medo de amar deixou de ser o mesmo, desde a última vez que te dei um abraço e disse “tchau... se cuida, ok?”.

*Escrito em 02/01/2013